quarta-feira, 9 de julho de 2014

O Nascimento da Filosofia


O vocábulo "filosofia" é de origem grega, cujo significado é: “amizade pela sabedoria”. O termo philia significa amizade e sophia, sabedoria. Muitas foram as tentativas de fazer um vínculo entre os gregos e o Oriente para descobrir os caminhos percorridos pela Filosofia. Mas segundo o helenista Jean-Pierre Vernant, “nem milagre, nem orientalismo em suas extremidades, definem o surgimento da Filosofia”. De acordo com o autor é evidente a influência dos persas, egípcios, babilônicos, caldeus no que é conhecido por filosofia. Todavia, a filosofia como entendemos hoje, tem seu início no século VI a.C, na Grécia Antiga. Quando a mitologia já não era suficiente para explicar tudo o que acontecia no mundo e sua origem, bem como as respostas sobre a existência do homem. Outros fatores também contribuíram para que o pensamento filosófico aflorasse, tais como:

·   As viagens marítimas, pois os “monstros” que os mitos afirmavam existir nos lugares longínquos, não eram encontrados pelos navegadores, porque na realidade não existiam;
·      A construção do calendário que permitiu a medição do tempo segundo as estações do ano e da alternância entre dia e noite, sendo assim não era mais aceitável atribuir a abstração do tempo a Deus;
·   O uso da moeda para as trocas comerciais que antes eram realizadas entre produtos:
·  A invenção do alfabeto e o uso da palavra fazem cair em desuso a oralidade e as imagens;
·      O crescimento urbano, técnicas artesanais, o comércio interno, as artes  e outros serviços;
·     A criação da política, já que esta usava a palavra para os debates sobre leis que afetavam a vida da sociedade em geral e por conta disso instigava o pensamento crítico da comunidade.
·    A Filosofia surgiu como Cosmologia (razão, palavra, discurso) a partir da compreensão racional de organização do mundo.


Tales de Mileto (624 – 556 a.C.) é considerado o primeiro filósofo. Pouco restou dos seus escritos, mas é o suficiente para que tenhamos uma noção da sua maneira de ver e explicar do que o mundo é formado. Ele entendia que o mundo era formado pela água porque ela pode ser encontrada em todos os locais. Esta maneira de explicar o mundo, usando a razão, é que irá diferenciar a filosofia da mitologia. No entanto Tales nunca se autodenominou filósofo. O termo “filósofo” apareceu anos mais tarde, com Pitágoras (570 – 496 a.C.). Pitágoras foi o primeiro a se considerar “amigo da sabedoria”.

Os primeiros filósofos gregos tentaram entender o mundo apenas com o uso da razão, sem recorrer à religião, à revelação, à autoridade ou à tradição. Eles atuavam como professores que ensinavam seus discípulos a usar a razão e a desenvolver seu senso crítico. Os filósofos que viveram antes do século V ao VII a.C., como é o caso Tales de Mileto (c. 624-546 a.C.), Anaximandro de Mileto (c. 610-545 a.C.), Anaxímenes de Mileto (c.585-528 a.C.), Pitágoras (c. 580 a.C. - 500 a. C.). Xenófanes de Colófon (c. 576-480 a.C.), Parmênides de Elea (c. 540-470 a.C.), Heráclito de Éfeso (c. 535-475 a.C.). Anaxágoras de Clazomena (c. 500-428 a.C.), Empédocles de Agrigento (c. 495 435 a.C.),Zenão de Elea (c.490-430 a.C.), Leucipo de Ábdera (c.490-420 a.C.), Meliso de Samos (c. 485-425 a.C. 5), Protágoras de Ábdera (c. 480-410 a.C.).  são chamados de pré-socráticos, por que antecederam Sócrates, o primeiro filósofo cujo método de pensar, bastante sistemático, foi efetivamente preservado para a posteridade.

Sócrates é ainda hoje considerado um dos principais filósofos. Filho de um escultor e de uma parteira. Ele cresceu em Atenas, aprendeu música, ginástica, e gramática. Casou-se com Xantipa e tevecom ela três filhos, Sócrates era um homem de postura humilde, embora fosse um verdadeiro “amigo da sabedoria”. Ele ensinava em praça pública e não costumava cobrar por isso como faziamos sofistas. Sua metodologiainovadora consistia em perguntas que os discípulos deveriam responder a partir de reflexão, pois segundo ele era assim que a verdade ser encontrada.

Sócrates foi acusado de corromper a juventude e de não venerar os deuses que as pessoas de sua época veneravam, por conta disso e de sua afirmação de que havia um único “deus”, ele foi condenado à morte em 399 a.C.Ele não deixou escrito nenhuma obra, mas a sua colaboração para o mundo da filosofiafoi preservado e registrado em livros por seu discípulo, o filósofo Platão. Embora Sócrates seja considerado um divisor de águas na filosofia não se pode desprezar os poucos escritos dos pensadores que viveram antes dele, cuja influência perdurou entre os pós-socráticos e até entre os contemporâneos. 
Alguns filósofos pré-socráticos

Heráclito e Pitágoras
Heráclito de Éfeso desenvolveu o raciocínio considerado sua “marca registrada”. Heráclito percebeu que o caminho para subir uma montanha é o mesmo para descer. Ou seja, trata-se de um mesmo caminho, embora ela conduza a direções opostas. A partir daí, o filósofo concluiu que a realidade surge justamente da contradição , ou seja, unidade entre os opostos.
Pitágoras o primeiro a ser conhecido como “amigo” da sabedoria, relacionou a filosofia à matemática, acreditando que a linguagem matemática poderia expressar com maior precisão as estruturas do universo.
 Xenófanes e Parmênides
Na última metade do século VIa.C., outro grande filósofo: Xenófanes de Colofão. Para ele, o conhecimento é uma criação humana. O homem não conhecea verdade, masse aproxima dela à medida que aprende.Na primeira metade do século V a.C., Parmênides presumiu que ao contrário do de um pensamento de Heráclito era um absurdo afirmar que "nada existe". Para ele, tudo sempre existiu. O universo não teve um princípio, nem foi criado: ele é eterno e imperecível.
Empédocles
Empédocles acreditava que tudo era composto de quatro elementos essenciais e inesgotáveis: a terra, a água, o ar e o fogo. O pensamento ocidental foi fortemente influenciado por essa ideologia desde o renascimento e ainda perdura até hoje.
Chegamos à conclusão de que a busca que culminou no “nascimento” da Filosofia, se deu pelo reconhecimento do “vazio”. O vazio criado pela incapacidade de responder aos anseios mais profundos do ser. Do ser humano racional, já que os animais, esses irracionais, não parecem “ansiar” por nada. Os homens sempre desejaram saber mais do que estava aparente, à vista. Para isso, muitos ousaram conjecturar e sofreram as consequências disso. Duvidar e acreditar seriam apenas partes de um contexto. Cada um desses filósofos demonstrou disposição em acertar ou errar em suas declarações, desde que pudessem vislumbrar mesmo que precariamente, o desconhecido. Cada um deles foi “filho” do seu tempo, mas também do “tempo anterior”, já que de uma maneira ou de outra receberam influência de seu “antecessor”. Também se pode notar que cada um deles estava à frente de seu tempo, e talvez por isso suas declarações nem sempre fossem bem vistas pelos menos “dados ao pensamento”. Todos os que se aventuraram a pensar contribuíram para o crescimento intelectual, cultural e social das gerações futuras, nada nos impede de que façamos o mesmo, desde que tenhamos a humildade de reconhecer de que não temos a resposta para tudo, já que somos cada um, apenas parte de um todo.

Referências bibliográficas:

Durant,Will, Os Pensadores – A História da Filosofia, Editora Nova Cultural
Gaarder, Jostein, O mundo de Sofia - Romance da História da Filosofia, Companhia das Letras
Os Pensadores – Aristóteles, Editora Nova Cultural
Os Pensadores – Platão, Editora Nova Cultural
Os Pensadores – Rousseau, Editora Nova Cultural
Solomon, Robert C. e Higgins, Kathleen M.,“Paixão pelo Saber - uma Breve História da Filosofia”, Editora Civilização Brasileira
Zweig, Stefan, Biblioteca do Pensamento Vivo de Darwin Editora Martins, São Paulo
Zweig, Stefan, Biblioteca do Pensamento Vivo de Tolstoi, Editora Martins, São Paulo
http://educacao.uol.com.br

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