quarta-feira, 9 de julho de 2014

Os filósofos da antiguidade mesopotâmica e egípcia

É impossível falar de filosofia na antiguidade sem falar da religião. A religião pode ser definida como filosofia, porque busca a visão e a interpretação da realidade. É através dessa perspectiva que os povos antigos, metódicos na prática religiosa e também na formulação de crenças e liturgias, irão “olhar” o mundo. As civilizações mesopotâmicas e egípcias se formaram nas proximidades de rios muito importantes. A mesopotâmia, por exemplo, entre os rios Tigre e Eufrates, e o Egito às margens do Nilo. Os povos antigos eram muito ligados a terra e à sua produção agrícola, bem como à criação de animais de corte e leite.

A Mesopotâmia, “terra entre os rios” Tigre e Eufrates sofreu invasões sucessivas por povos diversos, o que influenciou seus habitantes na cultura e na religião. Sumérios, semitas-acádios, babilônios, assírios, hititas, cassitas, tiveram suas culturas entrelaçadas e até certo ponto assimiladas. Os sacerdotes eram os responsáveis pelas manifestações e ensinos religiosos, eles eram considerados representantes dos deuses. A proteção do povo na vida diária e a fartura nas colheitas eram benefícios recebidos dos seres sobrenaturais.

A religião era permeada por mitos que serviam para “explicar” a evolução da vida, como o da criação da Terra e dos homens, por jovens deuses; do caos primitivo representado pelas águas; ou ainda, a epopeia de Gilgamesh, um rei de Uruk, cujo relato apontava as razões da propagação da espécie humana, do Dilúvio e do renascimento de uma nova comunidade humana. “Os mesopotâmicos acreditavam que a Terra era formada por duas pirâmides quadradas, coladas base a base. A pirâmide superior representava a vida, o bem e a luz. A inferior era o terreno das trevas, da morte e do mal” (A descoberta do Mundo, pg.24).  Os deuses causavam desordem no universo para castigar a humanidade. O bem e o mal somente podiam ser controlados pelos sacerdotes, estes podiam restaurar a ordem através de rituais.  Os mesopotâmicos também acreditavam nas artes mágicas, na adivinhação por meio da aruspicina (observação dos órgãos internos de animais e homens), e na astrologia que previa a fome, as epidemias, as guerras, as boas ou más colheitas, e também para podia revelar a vontade deuses. Os deuses eram relacionados à natureza e revelavam sua força no cosmos, de maneira visível, durante o dia, durante a noite, nos dias chuvosos, etc. Entre eles estavam: “Sin” (o deus Lua), “Chamak” (o deus Sol), “Adad” (deus da tempestade) e Ishtar (deusa Venûs).

Os filósofos da antiguidade egípcia

“Salve, ó Nilo que surgiste sobre esta terra e que vens em paz para dar vida ao Egito. Regas a terra em toda parte, ó deus dos grãos, senhor dos peixes, produtor do trigo e da cevada... logo que suas águas se erguem, a terra se agita de alegria, todo ventre se regozija, todo dorso é sacudido pelo riso e todo dente tritura. Ele traz as provisões deliciosas, cria todas as coisas boas; ó senhor dos animais que providencias coisas necessárias para os sacrifícios a todos os deles. Ele abrange dois países, e os celeiros enchem-se, os entrepostos regurgitam, os bens dos pobres se multiplicam; torna feliz cada um, conforme seu desejo... não se esculpem pedras nem estatuas em sua honra, nem se profere palavras misteriosas para o seu encantamento, não se conhece o lugar onde ele está (se origina). Entretanto, governas como um rei cujos decretos são estabelecidos pela terra inteira, por quem são bebidas as lágrimas de todos os olhos e que é pródigo de suas bondades.” (ARRUDA, José Jobson, citação de citação de Maspero, G. Histoire Ancienne des Peaples de I’Orient. Paris, Hachette, [s.d.] pg.14-15.

A civilização egípcia se desenvolveu no entorno do Nilo, sua vida estava condicionada ao ciclo de cheias e vazantes do rio, que trazia a prosperidade nas colheitas. O Nilo era considerado um deus e o centro de todas as terras. Eles criam que o mundo era como uma caixa que tinha em seu fundo, a Terra. O céu era sustentado por picos de quatro montanhas dos quatro cantos da Terra. O rio Nilo procedia de um rio Universal que passava por todas as partes do mundo. Suas crenças nos mitos fortalecia a administração dos faraós que eram vistos como a encarnação dos deuses. O universo era ordenado por deuses que eram que atuavam por meio dos fenômenos da natureza.

Os egípcios não temiam a morte, antes esperavam por ela e se preparavam para uma vida além-túmulo. Os faraós construíam suntuosos túmulos, onde seus corpos embalsamados seriam colocados. Objetos de valor e alimentos eram colocados nos túmulos para que o faraó pudesse viver uma vida farta após a morte. Na parede havia inscrições que ajudavam os mortos a escapar dos ataques de monstros que apareciam à noite. No período do Novo Império (580-1085 a.C.), O Faraó Amenófis IV substituiu o culto ao deus regente do Egito Amon-Rá pelo deus Áton, instituindo o monoteísmo, denominou-se Aquenáton, sacerdote e representante do deus Áton. Seu sucessor Tutancáton devolveu a supremacia ao deus Amon e mudou seu nome para Tutancamon.     Porque os egípcios eram politeístas, muitos outros deuses eram adorados além do Nilo e dos Faraós. Osíris, Deus dos mortos e juiz supremo, seu irmão Set, deus das trevas, a deusa Hator, e Anúbis, Thot, deus lunar, entre tantos outros representados por animais como o boi, a rã, a serpente, o leão, o escaravelho, o gato, o falcão, etc.

Os sacerdotes eram os filósofos da antiguidade mesopotâmica, já que eram os únicos que conseguiam transcender o plano terreno e atuar na esfera espiritual,  essa experiência que os tornava “hábeis” para elaborar o pensamento sobre a natureza, a criação do universo, e a vida do homem. No Egito, os sacerdotes tinham uma participação “limitada” na religião, porque o Faraó era autoridade máxima nos poderes políticos, econômicos, militares e religiosos. Os Faraós eram considerados deus na terra, encarnação do deus Sol, dessa forma a elaboração das ideias ficavam a seu encargo, essas ideias eram agregadas aos ensinamentos dos seus antepassados.

Referência bibliográfica:

Arruda, José Jobson de A. – História Antiga e Medieval – 5° ed. – São Paulo: Editora Ática, 1982.
Cáceres, Antonio Pedro Florival Cáceres - História Geral, 1942 - série sinopse – São Paulo: Editora Moderna, 1976.
Enciclopedia Geografia Ilustrada Volume I – A Descoberta do Mundo - São Paulo: Editora Abril, 1971.
Enciclopedia Simpozio (Versão em Português do original em Esperanto)
Zweig, Stefan, Biblioteca do Pensamento Vivo de Darwin Editora Martins, São Paulo.

Zweig, Stefan, Biblioteca do Pensamento Vivo de Tolstoi, Editora Martins, São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário