1 - Impactos e perspectivas da
revolução tecnológica, da globalização e do neoliberalismo no campo da
educação.
A tecnologia começa a fazer parte do
cotidiano das escolas particulares e públicas, assim como a educação à
distância, a internet e outros recursos multimídias. É preciso entender
as razões, impactos e perspectivas dessa revolução para a educação e para a
escola e avaliar as políticas educacionais que incluem a equipação eletrônica
dos multimeios didáticos.
A revolução tecnológica está
favorecendo o surgimento de uma nova sociedade técnico-informal, com uma
centralidade no conhecimento que passam a ser, do ponto de vista do capitalismo
globalizado, força motriz e eixos da transformação do conhecimento e da
educação. Onde não há praticamente lugar para o trabalhador desqualificado, com
dificuldades de aprendizagem permanentes, incapaz de assimilar novas
tecnologias, tarefas e procedimentos de trabalho, sem autonomia e especializado
em um ofício e que não sabe trabalhar em equipe. A desqualificação passou a
significar exclusão do novo processo produtivo. O novo processo de
trabalho requer flexibilidade funcional e novo perfil de qualificação de força
de trabalho, com habilidades cognitivas e competências sociais e pessoais, além
de domínio de linguagem oral e escrita e conhecimentos científicos básicos da
informática. Na ótica economicista e mercadológica do capitalismo, o desafio da
educação consiste na capacitação da mão de obra e na requalificação dos
trabalhadores, para satisfazer as exigências do sistema produtivo. O cidadão
eficiente e competente, nessa ótica é aquele capaz de consumir com eficiência e
sofisticação e competir com suas habilidades no mercado de trabalho.
Nos sistemas de ensino e das escolas,
procura-se reproduzir a lógica da competição e as regras do mercado, com a
formação de um mercado educacional. Busca-se a eficiência pedagógica por meio
da instalação da pedagogia, da concorrência, da eficiência e dos resultados.
Quando se consideram as possíveis contradições desse projeto com a melhoria da
qualidade de ensino e qualificação profissional, em decorrência da revolução
tecnológica, pode-se concordar que as perspectivas para o campo educacional não
indicam a construção de uma educação democrática, equalizadora, formadora e
distribuidora de cidadania. Parece inegável que a revolução tecnológica e as
demais mudanças globais promovam a crescente intelectualização do trabalho, mas
isso não implica que o projeto educacional deva ser por força competitivo e
seletivo socialmente. Os impactos da revolução tecnológica no campo da educação
podem e devem ser absorvidos, de modo que gerem perspectivas democráticas de
construção de uma sociedade moderna, justa e solidária, o que, não deve
significar a aniquilação da diversidade e das singularidades dos sujeitos.
2 – Objetivos para uma educação pública
de qualidade diante dos desafios da sociedade contemporânea
As transformações gerais da sociedade
atual apontam a inevitabilidade de compreender o país no comando da
globalização, da revolução tecnológica e da ideologia de livre mercado (neoliberalismo).
A globalização impõe aos países periféricos a economia de mercado global sem
restrições, a competição ilimitada e a minimização do Estado na área econômica
e social. O resultado tem sido o aumento do desemprego e da exclusão social em
diferentes regiões e países. A inserção do Brasil nesse quadro econômico
precisa dar-se sem comprometimento da soberania.O progresso, a riqueza e os
benefícios advindos dessas transformações não podem ser usufruídos por pequena
parcela da sociedade. Ao lado dos avanços científicos e tecnológicos – com o
aumento dos bens de consumo, do bem-estar, da difusão cultural -, há a fome, o
desemprego, a doença, a falta de moradia, o analfabetismo das letras e das
tecnologias. Não pode por isso, negar, o progresso técnico, o avanço do
conhecimento, os novos processos educativos e de qualificação. Trata-se antes,
de disputar concretamente o controle do progresso técnico, do avanço do
conhecimento e da qualificação, arrancá-lo da esfera pública, para
potencializar a satisfação das necessidades humanas.
O grande desafio é incluir, nos padrões
de vida digna, os milhões de indivíduos excluídos e sem condições básicas para
se constituírem cidadãos participantes de uma sociedade em permanente mutação.
O ensino para todos é necessidade fundamental. Há atualmente, claro
reconhecimento mundial e social de sua importância para o mundo do trabalho,
tal reconhecimento tem sido transformado em reformas e em políticas
educacionais em vários países. O Brasil tem experimentado, desde o inicio da
década de 1990, amplo processo de ajuste do sistema educativo. Especialmente no
governo de Fernando Henrique (1995-2002) deram-se de acordo com uma lógica
economicista.Em todas as reformas educativas, a partir da década de 1980, a
questão da qualidade aparece como tema central. A educação busca novo
paradigma, que estabelece o problema da qualidade, uma qualidade da pedagogia.
Mas esta não pode ser tratada nos parâmetros da qualidade economicista. A
escola não é empresa. O aluno não é cliente da escola, mas parte dela. É
sujeito que aprende, que constrói seu saber, que direciona seu projeto de vida.
Além disso, a escola implica formação de valores voltada para a cidadania, para
a formação de valores – valorização da vida humana em todas as suas dimensões.
Ela não pode ignorar o contexto político e econômico; no entanto, não pode
estar subordinado ao modelo econômico e a serviço dele.
No contexto da sociedade contemporânea,
a educação tem tríplice responsabilidade: ser agente de mudanças, capaz de gerar
conhecimentos e desenvolver a ciência e a tecnologia; trabalhar a tradição e os
valores nacionais ante a pressão mundial de descaracterização da soberania das
nações periféricas; preparar cidadãos capazes de entender o mundo, seu país,
sua realidade e de transformá-los positivamente. Que indicam três objetivos
fundamentais para a construção de uma educação publica de qualidade no contexto
atual: preparação para o processo produtivo e para a vida em uma sociedade
técnico-informacional, formação para a cidadania crítica e participativa e
formação ética. Aos alunos cabe empenhar-se, como cidadãos críticos, na mudança
da realidade em que vivem e no processo do desenvolvimento nacional e que é
função da escola capacitá-los para desempenharem esse papel. A formação ética é
um dos pontos fortes da escola do presente e do futuro.
Conclusão
As novas leis e normas educacionais são
de fato muito atraentes aos olhos de quem as leem, porém não
funcionam tão bem na prática. Como podemos ter uma educação de qualidade
que inclua o ensino tecnológico, preparando alunos com potencial para competir
em um mercado de trabalho tão exigente e capitalista, se esta educação não
chega às zonas rurais, indígenas e quilombolas tão esquecidas pelos nossos
governantes?
A educação de qualidade que prepara os
alunos para um mercado tão competitivo e exigente é aquela que não exclui o
menos favorecido, mais isso é impossível sem um investimento “pesado” por parte
dos governos municipais, estaduais e federal. A tecnologia sempre será bem
vinda, na vida destes alunos, se estes mesmos alunos tiverem acesso à
aprendizagem necessária dentro da sala de aula, ou seja, o espaço físico,
materiais didáticos, mobiliário apropriado, professor qualificado, apoio
pedagógico e governamental condizentes com a educação que os alunos merecem.
Enquanto existir apenas a teoria, não
será possível construir um país igualitário, com possibilidade de trabalho e
educação para todos. É preciso que haja ação para que a educação melhore, o
aluno se torne um profissional bem qualificado, competitivo, e finalmente o tão
desejado consumidor que o mundo capitalista sonha ter, do contrário, este mesmo
mercado entrará em colapso profundo, pois sem essa educação adequada, não
haverá trabalhadores qualificados, com salários elevados, para consumir o que
quer que seja.
Professora Cidinha Britto
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