É com base na
Soberania dos Estados que as imigrações internacionais são reguladas, visto que
a mudança de um país para outro se constitui num fenômeno político, mais do que
meramente social. O fluxo migratório se configura a partir da busca de uma vida
melhor; seja econômica, nesse caso os países-alvo são aqueles mais
desenvolvidos. Os Estados Unidos, por exemplo, recebe estrangeiros, como é o
caso de muitos brasileiros que executam funções consideradas “secundárias”, que
aqui não executariam, principalmente por se tratar de trabalhos muito mal
remunerados.
Para a permanência
dos estrangeiros no território, os países exigem documentação, porém muitos
permanecem por anos na ilegalidade. O estrangeiro que se encontra em situação
irregular enfrenta muitas dificuldades para obter direitos básicos como:
trabalho, saúde, educação, moradia, etc. Este é um problema para os brasileiros
“ilegais” em outros países, mas também para os estrangeiros no Brasil, como
ocorre com os bolivianos, entre outros.
No caso dos Estados
Unidos, a tragédia de 11 de setembro instigou um debate que permanece até hoje:
“a entrada e permanência de imigrantes em seu território, principalmente os de
origem árabe”. Existem muitas teorias em torno do “terrorismo” nos Estados
Unidos. Independente de essas teorias estarem corretas ou não, o que podemos
perceber é uma constante interpretação xenofóbica e etnocêntrica dos
Orientais, principalmente os ligados ao Islã.
Segundo Edward Said, (intelectual palestino, crítico literário, pensador
do imperialismo e da imposição do Ocidente sobre o Oriente) em seu livro “Orientalismo: o Oriente como invenção do
Ocidente”, há uma visão dos povos orientais, cristalizada, construída histórica
e politicamente.
Essa maneira de ver o Oriental surgiu mais especificamente
com o imperialismo inglês e francês no século XIX. O outro, nesse caso o Oriental,
é entendido como inferior e não simplesmente, diferente. Na realidade, a Europa
se apossou de territórios e da história das civilizações da região colonial
adjacente. Numa relação de dominação, não se levou em conta, a realidade desses
povos, eles ganharam a forma que os europeus quiseram dar, principalmente os
povos do Oriente Médio, como os árabes. Os livros e o cinema têm contribuído
muito para a difusão dessa imagem primitiva e violenta do Oriente, que perdura
até os nossos dias.
Muito se tem a fazer até que o Oriente seja
desmistificado, para ser finalmente entendido em suas especificidades, para
tanto vale lembrar a necessidade de um olhar para o outro, despretensioso,
livre de preconceitos. Para que isso ocorra é necessário que os temas
xenofobismo, etnocentrismo e orientalismo sejam mais frequentemente debatidos. Finalizo
a exposição com a fala de Edward Said no livro já mencionado “(...) Consolei-me acreditando que este
livro é um entre vários, e esperando que haja estudiosos e críticos que queiram
escrever outros.” (pg. 35).
Professora Cidinha Britto
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